domingo, 27 de setembro de 2009


Assim, enfim.

Não era amor, não chegou a isso tudo, mas talvez se fosse amor não sofreria tanto, era uma paixão que doía muito, a sufocava e deixava completamente sem rumo.
"Calma coração, controle-se" repetia para si sucessivamente. Pela primeira vez estava estranhando seu comportamento, logo ela, que sempre mostrou tanto equilíbrio e certeza de si. Tinha uma sede que não conseguia saciar, uma vontade incontrolável de ver, tocar, sentir. Não bastavam palavras doces e nem carinhos momentâneos, não conseguia mais ter o controle das situações (e como odiava perder o controle).
Sentia um peso na alma, era como se algo estivesse guardado, preso a muito tempo e quisesse sair e se mostrar para o mundo inteiro. Mas não se tratava disso, tudo aquilo que passava era muito recente, mas aparentemente tão grande. E como as aparências enganam.
Na verdade ela tinha medo, era como se na sua vida toda tivesse tomado cuidado para não se entregar demais, talvez não se aventurando tanto, sofreria menos, e a possibilidade de todo esse sentimentalismo se expandir deixava Ana cada vez mais incomodada.
É que ela tinha a mania de esperar demais em vão, sabia que nada aconteceria, mas essa utopia de que tudo-vai-dar-certo insistia em habitar a sua alma.
A incerteza dos fatos agora a frustava, agora sim sabia o que não era dormir bem por pensar em alguem.